sexta-feira, março 20, 2009

Curso de Ensino de Informática na corda bamba


Os alunos do curso de Ensino de Informática da UAlg poderão vir a ter mais alguns anos para concluir esta licenciatura, antes que seja extinta.

O reitor da instituição João Guerreiro garantiu ao «barlavento» já ter solicitado ao Ministério do Ensino Superior a prorrogação do período de transição deste curso para os moldes exigidos pela Declaração de Bolonha, para dar oportunidade aos discentes de o completar.

Esta é a resposta do responsável máximo da UAlg a uma carta aberta escrita por alunos deste curso, que se prevê que seja extinto no final deste ano lectivo, por imposição do Ministério.

Os estudantes chamavam a atenção para o facto de não existirem alternativas para aqueles que querem seguir a via pedagógica e não conseguiram acabar o curso nos anos de transição.

Apesar de se mostrar disposto a resolver a situação destes estudantes, João Guerreiro lembrou que o período de transição normal foi respeitado e que esta licenciatura já há muito que não abre novas vagas. Assim, como aconteceu nos outros cursos da UAlg, quem não conseguiu acabar neste período, teria de se adaptar ao figurino de Bolonha.

Mas, tendo em conta as especificidades desta situação e o facto de a alternativa existente não ter uma vertente pedagógica, João Guerreiro decidiu avançar com o pedido de alargamento do prazo de transição. Caso a sua proposta seja aceite, os alunos deverão ter mais dois anos para concluir o curso.

A reformulação da oferta curricular, na UAlg, no seguimento da aplicação de Bolonha na instituição, levou, em muitos casos, à fusão e reorganização de cursos.

Nos últimos anos, foi feita a adequação a este novo figurino e a UAlg vai começar o próximo ano lectivo com todos os cursos em conformidade com a declaração.

Até porque, diz o Ministério, a partir do ano lectivo de 2009/10, não poderão ser leccionados nas universidades portuguesas cursos que não estejam adaptados à Declaração de Bolonha.

Na área de informática, a UAlg apenas disponibiliza, actualmente, a Licenciatura em Engenharia Informática. Este curso de 1º ciclo poderá ser depois complementado com mestrados em diversas áreas, que permitirão uma especialização.

Mas, queixam-se os alunos do curso de Ensino de Informática, não há qualquer curso de 2º ciclo que incida na área pedagógica de informática. Apesar de este processo se arrastar há muito e de este ter sido um dos mestrados no sector pedagógico propostos num Senado da universidade em 2006, nada avançou desde então.

Como se pode ler na Carta Aberta dos alunos de Ensino de Informática algarvios, a que o «barlavento» teve acesso, caso o curso encerre este ano, aqueles que não conseguirem acabá-lo terão de ingressar na licenciatura em Engenharia Informática.

Assim que a concluam (ou caso lhes seja dada a equivalência em todas as cadeiras deste curso do 1º ciclo), as alternativas ao seu dispor, para especialização, são limitadas.

O mestrado mais ligado ao novo curso é em Engenharia Informática, formação que «contraria as expectativas iniciais dos alunos», pois «não dá acesso à carreira de docente».

Outra alternativa é o ingresso no já existente mestrado em Ensino do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário. Mas, garantem os alunos de Ensino de Informática, «este mestrado não inclui o ramo de informática», pelo que a opção teria sempre de recair na matemática.

A quarta alternativa identificada é o mestrado em Didáctica e Inovação no Ensino das Ciências, Ramo de Informática. Apesar de ser na área pretendida, só pode aceder a este curso do 2º ciclo quem já tenha habilitações profissionais.

Para o reitor da UAlg, a inexistência de um mestrado na área da pedagogia de informática é da responsabilidade «do respectivo departamento».

Segundo os alunos, embora este mestrado esteja em cima da mesa há mais de dois anos, período em que os responsáveis pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da UAlg e o director deste curso «alimentaram» as expectativas dos alunos, através da informação que iam veiculando, nada de concreto foi feito.

Os estudantes de Ensino de Informática querem que o seu curso seja adaptado à Convenção de Bolonha, sem que isso signifique a perda de opções curriculares. A solução passaria por um mestrado na área pedagógica.

Até porque também está em cheque o corpo docente do curso que irá ser extinto. Os alunos falam igualmente em nome do «grupo curricular 550», aquele onde estão inseridos os professores de Ensino de Informática.


Saudações Académicas.

Fonte: 18 de Março de 2009 | 09:39 Barlavento Online

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