Com a campanha “Carinho e uma tartaruga de peluche para cada criança da Ilha do Príncipe” a equipa de investigadores liderada pelo Prof. Nuno de Santos Loureiro, da Universidade do Algarve (UAlg), actualmente a desenvolver um projecto de conservação em São Tomé e Príncipe, quer atingir dois objectivos: “Queremos assegurar que todas as crianças da Ilha do Príncipe, um meio muito pobre, recebem pelo menos um presente de Natal, e, por outro lado, pretendemos que esse presente, estratégico, contribua para salvar da extinção a tartaruga-de-escamas-levantadas, ou tartaruga-sada, outrora abundante na costa africana mas cuja reprodução no continente africano se concentra, hoje em dia, na Ilha do Príncipe”.
Actualmente existem na Natureza, em toda a costa ocidental de África, apenas entre 40 e 50 fêmeas reprodutoras de tartarugas-de-escamas-levantadas – ou tartarugas-sada, como são apelidadas pelos habitantes da Ilha do Príncipe –, o que significa que “corremos o risco de estarmos já muito próximo do limite que permite assegurar a viabilidade ecológica desta espécie”, explica o Prof. Nuno de Santos Loureiro, docente e investigador da UAlg, que actualmente lidera o Programa SADA, projecto de investigação e conservação da tartaruga-sada (
Eretmochelys imbricata) na Ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe.
“Os famosos óculos de aros de tartaruga, que a geração dos nossos avós, em Portugal, usava em abundância, assim como os vários acessórios de tartaruga que constituem hoje recordações de infância para quem tem mais de 30 anos, como colares, anéis, pequenas caixas ou até terços, eram feitos, na época, a partir da carapaça desta espécie, que já foi abundante na costa africana mas hoje está em risco crítico de extinção”, sublinha Nuno de Santos Loureiro.
A Ilha do Príncipe é muito provavelmente o último local em toda a costa ocidental de África onde a tartaruga-sada, espécie extremamente territorial, continua a reproduzir-se. “Ser territorial significa que as fêmeas vão sempre voltar ao sítio onde nasceram para pôr os ovos.” Como o único predador que a tartaruga-sada enfrenta na fase adulta são as populações locais, que a caçam para comer e usam a carapaça para produzir pequenos objectos de artesanato e acessórios, a sensibilização destas pessoas para a necessidade de preservar a espécie assume contornos importantíssimos.
Programa SADA sensibiliza miúdos e graúdos para a preservaçãoNo terreno há um ano, a equipa coordenada por Nuno de Santos Loureiro, no âmbito do Programa SADA, que também inclui investigadores das faculdades de Ciências e de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, mas também da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e do Oceanário de Lisboa, está a agir em duas frentes: “Por um lado queremos saber mais sobre esta espécie do ponto de vista biológico e ecológico, e, por outro lado, estamos a trabalhar no sentido de impedir a extinção da tartaruga-sada na Ilha do Príncipe, processo que estamos a levar a cabo em estreita parceria com as autoridades locais e com a população”.
A campanha de solidariedade «Carinho e uma tartaruga de peluche para cada criança da Ilha do Príncipe», dinamizada pela equipa de investigadores liderada por Nuno de Santos Loureiro, surge justamente neste contexto de intervenção comunitária: na Ilha do Príncipe, onde muitas famílias têm poucos recursos, os pais não podem oferecer aos seus filhos um brinquedo de Natal e, por isso, o Programa SADA propõe-se oferecer, a 6 de Janeiro de 2010, uma tartaruga de peluche a cada uma das cerca de 850 crianças daquela Ilha com idades entre os 2 e os 5 anos.
“As crianças ficarão felizes. Vão receber um verdadeiro presente, num dia que será de festa, e nunca mais esquecerão as tartarugas como animais muito especiais. Os adultos também vão entender a nossa mensagem.” O responsável pela equipa de investigadores argumenta que “qualquer criança cria uma forte ligação afectiva com o seu brinquedo preferido e nós queremos que as crianças criem uma ligação afectiva com a tartaruga-sada, a espécie que em toda a costa ocidental de África nasce quase exclusivamente na Ilha do Príncipe, sendo uma das suas mais extraordinárias pérolas da biodiversidade”. Nuno de Santos Loureiro frisa que os peluches não foram escolhidos ao acaso: “representam animais que têm de estar no coração de todos, e por todos têm de ser protegidos para que não desapareçam para sempre.”
No entanto, para que esta iniciativa possa acontecer de verdade, explica, é crucial a ajuda e o empenho da sociedade civil portuguesa: “Um donativo de cinco euros é suficiente para que uma tartaruga de peluche chegue às mãos de uma criança da Ilha do Príncipe e é também suficiente para que se concretize esta iniciativa de sensibilização ambiental, fundamental para evitar a extinção da tartaruga-sada.” Os donativos podem ser feitos através de transferência bancária para a conta com o NIB 001800005049168302004.
No Dia de Reis, a 6 de Janeiro, a distribuição dos peluches às crianças vai ser feita primeiro na cidade de Santo António, estendendo-se depois ao resto da Ilha, que a equipa de investigação vai percorrer, de comunidade em comunidade. “O Presidente do Governo Regional do Príncipe e eu próprio vamos estar à frente desta acção de distribuição e penso que o facto de irmos de comunidade em comunidade vai permitir também uma melhor sensibilização pessoal dos adultos”, conclui Nuno de Santos Loureiro.
São parceiros institucionais desta iniciativa, além da UAlg, o Governo Regional do Príncipe, o Oceanário de Lisboa, a TAP Air Portugal, a Rádio Regional do Príncipe e o Praia Boi Nature Resort.
Outras informações sobre a campanha «Carinho e uma tartaruga de peluche para cada criança da Ilha do Príncipe» estão disponíveis em http://www.tartarugasstomeprincipe.org/Contactos:Prof. Nuno Loureiro
UALG: 289 800 941
nlourei@ualg.ptSaudações Académicas.
Fonte:UAlg